Raro homem de letras, artes e ideias em tempo de barbárie, Jorge Alberto Nabut morreu no 28 de fevereiro deste 2024. Era, ao lado de Guido Bilharinho, uma das principais referências do campo cultural na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Faleceu exatamente no ano em que completaram-se 40 anos de sua estréia na poesia: Paisagem provincial, 1984.
De ascendência árabe, Nabut nasceu em Uberaba em 1947. Estudou Economia e Engenharia, mas se dedicou mesmo foi ao jornalismo, à historiografia, à museografia, às artes e, de modo muito especial, à poesia. Além do volume citado, sua obra poética conta com livros como Sesmarias do corpo, de 1986, e Geografia da palavra, de 2010, O livro das chuvas (2016) e O círculo dos bastidores (2019).
A inquietude que atravessa a sua produção criativa, todo seu fervor barroquista, tem sua contraparte no interesse pela história mais premente e mais remota, pessoal e coletiva. Entre seus livros de ensaio, destacam-se Coisas que me contaram, crônicas que escrevi (1978), Fragmentos árabes (2002) e Corredor dos boiadeiros (2014), contribuições fundamentais à história uberabense.
Conheci o poeta inicialmente nas páginas da Revista Dimensão, editada por Guido Bilharinho de 1980 a 2000. Depois, tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente em visita a sua cidade no início deste século. Na sequência, publiquei Nabut na antologia Fenda: 16 poetas vivos (Orobó Edições, 2002) que organizei. Era a alegria em pessoa, dono de uma generosidade enorme, demasiadamente humano. Grande perda! (Anelito de Oliveira)
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