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Foto do escritorRevista Sphera

Quatro poemas-mirantes de Verônica Lemos

Atualizado: 28 de dez. de 2023



FOTO: ARQUIVO DA AUTORA / DIVULGAÇÃO





Oração

 

Oh, São Luiz

Ofereço minha devoção

e te peço

venha ter comigo

me proteja.

Receba meus suspiros

as batidas potentes do meu coração

a vibração que toma conta do meu corpo

para dar a ti

meus desejos, meus sonhos, minha obediência.

Acenda em mim a tocha da fé

Com o toque dos teus dedos santos

Da minha boca, apenas os sussurros 

do júbilo, do regozijo e do êxtase ouvirás

Todo o meu corpo, envolvido,

à luz do sol ou da lua,

à tua disposição possuí-lo,

em bandeja ofereço

com os sentidos ardentes

Meu seio puro, meu semblante plácido,

à visão turva o ar invade

Desfaleço

Ofegante te peço

Me preencha,

Venha ter comigo,

Por todos os lados,

Venha.

 

 

 

Mindset

 

 

é melhor poesia

que se perder em agonias

atração fatal é coisa de cinema

a vida real é um bosque de problemas

nessa hora o que remove até montanhas

é arejar a alma até que seja plena

como música

maior é o amor 

desatado e atento 

para qualquer tormento

a porta aberta  

o rumo do tempo

 

o refúgio da saudade 

a torre no castelo do coração

um segredo guardado

eu em mim 

uma cadeira de balanço 

a espera amiga

o encontro de dois universos 

um instante do infinito

um pedacinho de cristal é cristal

um pedacinho de diamante é diamante

um pedacinho de amor, é amor.

 

 

 

Toneladas

 

terra de contrabando

de espremer gente

toneladas de ouro e sangue

a história do brasil

fogo

chama

o encantado

enquadrado

a carne viva o pó das eras

o encarnado

o coração

antes, não

 

à queima-roupa

a queimada

o brasão emblema o problema

indaga o tempo

a gente, o sabugo

da maravilha à maravalha

o alçapão

desde então.


 

 Versos rompidos


Versos rompidos

cordas esgarçadas

cadeiras quebradas

fuligem e pedaços restos

do último incêndio

 

A casa está condenada

e a alma se apega ao abandono

 

Se pudesse dar vida à morte

com a luz do sol

ao abrir as janelas daria.

 

Mas o assoalho grita

quando você for embora

e os seus olhos não me procurarem como cúmplice

 

Virão outros hóspedes

depois do incêndio

 

De primeiro mudarão o piso

refarão o teto

tirarão os medos da tua alma penada

 

E as minhas cinzas 

levarás contigo 

num chinelo velho 

que será mantido

 

 

NOTA DA AUTORA

 

De jovem atriz a produtora, assessora técnica, professora, secretária. De si, poeta. De Brasília, nascida em Niterói, terra de Araribóia e um pouquinho Krahô, budista, da ponta oriental, nordestina, da Chapada dos Veadeiros. Cria da UnB em Antropologia, História, Educação. Da capital e do interior. Da geração coca-cola, à esquerda, nascida em1968, mulher ativista, mãe. Mirando a própria voz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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