top of page
Foto do escritorRevista Sphera

"Versilindro", um livro a céu aberto escrito em aço por Bel Diniz e João Diniz


Em dezembro d e 2023, as cidades de Ouro Branco e Três Marias, situadas em pontos diversos do vasto Estado de Minas Gerais (região metropolitana de BH e região central, respectivamente) foram presenteadas com um exemplar de uma extraordinária obra de arte pública: a instalação "Versilindro", dos arquitetos João Diniz (também artista múltiplo) e Bel Diniz. Trabalho em aço fundindo elementos da poesia, da arquitetura, da escultura e da performance,"Versilindro" é um gesto de ousada inventividade, com capacidade notável de humanização do espaço social. Sphera publica aqui três imagens da obra, texto conceitual produzido pelos autores e ficha técnica do trabalho patrocinado pela Siderúrgica Gerdau através de Lei de Incentivo à Cultura. (Anelito de Oliveira)









No sentido da qualificação de seus vazios, as cidades podem receber elementos que promovam experiências inéditas e sentidos desconhecidos ao cotidiano de seus habitantes. Estas vivências podem acontecer de forma racional ou intuitiva, e como parte de uma mobilidade veloz ou de uma imersão atenta. 

Em busca da integração entre arquitetura, artes visuais e literatura, João Diniz vem realizando projetos como, em menor escala, "Poemobjetos Manipuláveis", "Poesia Táctil" e "Prismas Líricos"; e, em maior dimensão,  "Cuboesia" (2019) e  "Poéticas Leituras" (2021), estes dois em parceria com a arquiteta Bel Diniz. 

Esses projetos maiores se alinham ao conceito de "Poesia Urbana", proposto pelos arquitetos, onde o gesto espacial vem integrado às tipologias gráficas e ao significado das palavras percebidas em leituras próximas ou a distância no espaço da cidade. 

Nessa busca por espaços públicos integrados com significâncias poéticas surge o VERSILINDRO, uma instalação híbrida, também de autoria dos arquitetos Bel e João Diniz, mais uma vez unindo arquitetura, urbanismo, escultura e poesia.

O trabalho propõe uma experiência em dois níveis: 

Numa primeira percepção, está o volume cilíndrico e metálico que convida o observador a penetrar em seu espaço interno virtualmente integrado ao exterior através das perfurações em suas paredes limítrofes em aço. 

Ao se aproximar da peça, dá-se o segundo nível perceptivo, ao se notar que as perfurações no plano côncavo e oxidado, que são como janelas que integram o dentro e o fora, são letras que compõem palavras. 

Esta superfície espiralada e contínua propõe então uma vivência interativa, ao mesmo tempo física e intelectual, através da descoberta dessa espécie de livro público a céu aberto.

O texto vazado no metal é composto por 30 estrofes gráficas que podem ser lidas em sequências diversas. Esses módulos poéticos de 1,25 x 1,25 metros são compostos por 3 ou 4 linhas, respectivamente com palavras de 3 ou 4 letras. 

Os versos de 3 letras, maiores, estão voltados para o lado externo da instalação, podendo ser lidos desde uma maior distância. Os versos de 4 letras ficam voltados para o interior do espaço e dali, mais próximos, são lidos. Cuidou-se para que praticamente não houvessem repetições entre as 105 palavras que compõem o poema visual de 18 metros de comprimento por 2,5 de altura. 

Nas posições em que se percebem as letras de forma invertida, a luz solar em horários apropriados do dia projeta as palavras no piso, aí podendo ser lidas corretamente através de um jogo de luzes e sombras móveis. 

A peça foi fabricada em aço patinável, cuja oxidação superficial é a própria proteção do material contra a corrosão. A camada externa das chapas passa por processos orgânicos contínuos ande a mudança de cor, entre o marrom e o laranja, remete ao cromatismo dos óxidos das montanhas de Minas Gerais. 

Esse projeto venceu o edital Arte em Aço da Gerdau que, através de concurso público, elegeu sete autores para colocarem obras em nove cidades onde a empresa atua no Estado de Minas Gerais. 

O VERSILINDRO foi escolhido para ser instalado nas cidades de Ouro Branco e Três Marias em dezembro de 2023. 

 









FICHA TÉCNICA 


concepção e projeto: JOÃO DINIZ e BEL DINIZ, arquitetostextos da instalação: JOÃO DINIZarquiteta colaboradora: JESSICA NEVESapoio administrativo: ÂNGELA DINIZ consultores: PAULO MENDES e FREDERICO GRIMALDI, engenheirosgestão financeira: MATEUS ROCHA e GUSTAVO CAMPOSfotografia: BEL DINIZ, MARCÍLIO GAZZINELLI, LUCAS CARVALHO, JOÃO DINIZprojeto luminotécnico: JUNIA CARSALADEdesign peças gráficas: RAFAEL QUICK

Fabricação e Montagem: ACCERO ARTE EM AÇOBEATRIZ QUARESMA, LUCAS CARVALHO, FÁBIO A. P. SILVA, engenheirosequipe: ISRAEL ALVES FERREIRA, ERICK GONZAGA, LEANDRO DO CARMO, EDUARDO MOREIRA, WELSON SANTOS, ALISSON FOS ANJOS (motorista e munck) apoio executivo: ATRAVÉS PRODUÇÃOMARIA CAROL, LEONARDO BELTRÃO e PAULA MICHIE 

Material empregado: Aço patinável Gerdau WS350 8mm, fornecido em chapas de 12 x 2,55 metros. Comprimento total da peça: 18m em 3 módulos iguais Peso: 2,4 toneladas

As obras do edital Arte em Aço Gerdau foram viabilizadas através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Estado de Minas Gerais. 

 

FOTOS: ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA JOÃO DINIZ

84 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page