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Foto do escritorRevista Sphera

Surtopoemas Cobra de Fernando Salomon Bezerra

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Poemas


começam no nascimento

da letra a a letra a


nos quais florescem a palavra

reflorestar e tantas


não dizem

do prédio

da murta


não evitam o amor-

coisa ancas


rimam rosas

com anda


lembram

apenas recomeçar


o ver e não enxergar


paranoicos quase

bem estruturados


rerimas infinitivas


Poema

que termina com

morte




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ah se o meu

dinheiro desse


desce




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das frutas que dão mais fome

e tantas que dão sementes



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vai acabar

tem mais aí

eu li penso


língua no centro do grotesco



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ainda seria um códice

na Biblioteca de dna

se não fosse indígena



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no quintal

as asas do mamão

brotou um pé de sabiá



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a sirene da polícia

as rinee ad capiloí

o silêncio

muito cuidado é tanto e pouco



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Bilhete

Mãe, está tudo bem

vai dar tudo certo

você está bem

estou também bem

eu vou para a praia

e você vem?

vamos combinar um canto

que abale as rochas

o amor é uma droga


Mãe, vero, tem sesta hoje

vamos assistir filme

de máfia vamos roer

pequi queu trouxe do norte

tarde é cedo ainda

no monte de tempos vamos

resistir à necessidade

de estar sempre tudo certo

bem do jeito sideral

minha filha manda um

abraço e meu pai

a quantas anda?


Mãe,

achei Anhumas belas

praia de cachoeira

mineira linda como ave

ainda moraremos

no signo descompromisso

promessa que atravessa

o sibilo da asa da graúna


a reforma da casa ficou ótima, mãe

passei minha infância no brejo

e Itajubá é um bom berço

a sua neta matou um primo

vamos caçar girino

na beira do rio

barrocobarrento?


beijo



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Deixar um segundo do seu coração

preso na impossibilidade de estar tudo bem



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Um canto que abale as rochas


Hoje tenho nada nem instrumentos

vida fosse jazz teria eu harpa

meu prato tem não comida sonora


Oh! desmanchai com brilho todo intenso

a fome nos lares que não tem mais

cada dificuldade que há insônia


Virarei ser fatal somente só

para levar meu canto mudo até

cheio de brilhos ao fogo de tochas


um canto que abale as rochas



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Hoje tem sesta

quem saberá


Da inconsciência necessária

ao sono doce e amigável

a consciência é familiar


Tudo está muito bem planejado

pela matemática do erro

vou dormir até ficar bem farto


Tudo bem perder os sentidos

o mundo não acabará assim


Nada na terra me incomoda

está tudo bem não há mais fome

vou dormir até ficar que some


eu preciso dormir em paz



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praia de cachoeira mineira linda


sou seixo sim da borda d`água

lambe sua face matutina

flui como oposto cega


aquela foto de cócoras nas águas

meu irmão vens celebrar a desordem?

Fogo queimou árvore e umas pessoas


Chega de dizer não desmate

Não há como desmatar

Há que parar de matar o que está

Isso sim



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Por hora

preciso publicar

um livro de poemas

Mãe cobra

amigo cobra

diarista cobra

desconhecido cobra

preciso publicar um livro cobra

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