A Editora Patuá publicará brevemente o novo livro de Aroldo Pereira, que tem o título de Parangolares, um aprofundamento do seu diálogo com Hélio Oiticica com uma inflexão agora a abarcar Raymundo Collares, artista plástico do Norte de Minas vinculado ao horizonte inventivo do criador do “parangolé”. O poeta é conhecido por coordenar o Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, que acontece em Montes Claros (MG) anualmente desde 1987, um dos eventos mais longevos no seu gênero no país. Sua carreira teve início nos anos 1970 na fronteira da poesia impressa com o rock and roll, atuando como letrista e vocalista da Banda Ataq Cardíaco. Publicou Canto de encantar serpente (1980) e vários outros livretos em edições artesanais e chegou ao livro formal com Cinema Bumerangue em 1997 pela Edições Cuatiara de BH. Dez anos depois, em 2007, publicou Parangolivro pela 7Letras. Seus versos estão presentes em várias antologias da produção contemporânea, como Literatura e Afrodescendência no Brasil, organizada por Eduardo de Assis Duarte e publicada pela Editora UFMG em 2011.
Anelito de Oliveira
Aroldo Pereira
chapisco
os meninos
deserdados do morro
os meninos sem pedigree
de grão-mogol
os meninos negros
de montes claros
os meninos meninas
do brasil
os meninos pobres
do mundo
são expulsos do morar
mataram o chapisco
q. quis me namorar
Quase urgência
a novelha vida me desgasta
nesse corpo
me consome nessa estrada
da palavra e da paixão
viver é redemoinho
repleto de vício e tensão
ainda q. eu não saiba
viver na corda bamba
tem sido minha distração
como quem troca de alma
uma notícia dessas
q. nos arrebenta
q. eriça nosso pelo
q. ninguém aguenta
uma notícia dor
uma notícia câncer
uma bomba explodindo
em pleno esplendor
amor
é difícil dizer não
e ir pro cinema
deixar o coração
na praça da matriz
e suicidar na igreja
prefiro roubar 01 galho
de jasmim
e deixar na porta
da tua casa
prefiro te incomodar
com a minha flor
que quebrar o celular
e sair sangrando
sem ar
pela cidade
empregado do povo
se o mundo
não fosse comandado
por babacas
talvez eu fosse poeta
01 sonhador anarquista
01 delirante cantor
propondo revoluções
mas os rumos
q. o mundo toma
não nos permitem
delírios, amores, invenções,
no muito, alguns escorregões
assim sigo de plantão
batendo ponto e carimbo
como 01 barnabé cagão
Parabéns, Aroldo!
Que bom
saber q. tem novo livro de Aroldo Pereira a caminho… uso aqui no comentário este estilo emprestado, de colocar um ponto no q. Pra expressar sonoramente o poema já basta esse indicativo…
Brenda Mar(que)s Pena