Folheto
Oito mais um nove.
Noves fora zero. Será?
Ou ainda pinto o sete?
Poderei ver o nosso
caminho limpo sem governos
sujos, criminosos, passeando?
Deixando marcas aqui e ali
nas árvores serradas
nas matas mortas?
E os índios cada vez mais
ínfimos nas palmas
menores dos seus espaços?
E os vírus variados
vagueando ponto por ponto
vivendo sem fim?
Encontrado num caderno
para Laura Liuzzi
A possível poesia
é esta como outras.
Às vezes, alfinetam
outras tantas afagam
podendo até misturarem.
Enfrenta o sol, a chuva
o dia e a noite, se conjugam
em cada linha disponível.
O que foi rabisco, risco
na folha branca, o rascunho
se passa a limpo e o sentido
escreve em cima do luar.
Se...
Preto, Branco, Pardo
são seres e não cores
tampouco são raças.
Se mil Mandelas
existissem e Deuses
de toda espécie tivessem
diferenças amigáveis
e mulheres e homens iguais
no trabalho da vida
o Mundo, a Terra
giraria leve, livre
sem nenhuma Guerra ou entrave
a não ser pelo acaso da Natureza.
Rascunho
O lápis já perto
de virar um toco.
A bic vai falhando
o traço da sua letra.
Os poemas diminutos
sem fôlego de percorrer
a folha branca
e as linhas vazias
no meio do caderno
parado em cima da mesa.
Armando Freitas Filho
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